quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Lançamento do documentário “Sem Pena”

Documentário produzido pelo Instituto de Defesa do Direito de Defesa busca sensibilizar a sociedade para o equívoco do encarceramento em massa
Em noite de estreia no Cine Livraria Cultura, em São Paulo, com a presença de autoridades e advogados consagrados, o documentário "Sem Pena" provocou a plateia.
A película foi selecionada para exibição no Festival de Brasília dentre outros 600 títulos, e saiu de lá com a consagração do prêmio do Júri Popular.
O projeto foi idealizado pela ex-diretora do instituto Marina Dias e finalizado sob a gestão do atual diretor, o advogado Augusto de Arruda Botelho, cujas palavras de abertura da sessão enfatizaram o papel do instituto na sensibilização da sociedade para o equívoco do encarceramento em massa.

Linguagem propositadamente incômoda
Em uma linguagem cinematográfica aflitiva, sem que sejam dados a conhecer os rostos dos depoentes, o argumento é aberto pela narrativa de casos individuais que aos poucos vão revelando não só debilidades e injustiças, mas o completo non sense do sistema sob todos os ângulos de que é examinado – inclusive o econômico, pois os contribuintes pagam cerca de R$ 1.350,00 por mês para que a pessoa saia do cárcere muito mais perigosa e com pouquíssima chance de se reintegrar à sociedade. Enquanto falam os entrevistados, cenas do cotidiano em presídios são mostradas.

À medida que o filme avança, os casos pessoais vão cedendo espaço para contribuições de profissionais ligados ao sistema carcerário. No momento em que falam, o espectador não sabe de que lugar do discurso vem aquela voz – os rostos continuam invisíveis – mas a estranheza inicial vai cedendo lugar a uma certeza: da cozinha do presídio, dos corredores do tribunal de justiça de São Paulo, da sala de audiências do fórum criminal, do cartório de uma das varas desse mesmo fórum, todos os personagens ostentam algo em comum: não creem, a partir de suas experiências profissionais, que o sistema carcerário possa trazer algo para alguém além de inabilitá-lo para o convívio, de destruir todas as possibilidades de relações sociais.


Terminado o filme, são identificadas rapidamente, enfim, as vozes que por uma hora e trinta minutos ousaram incomodar as certezas da plateia. Ao lado de detentos e ex-detentos, falou um delegado de polícia, um agente penitenciário, um professor de criminologia, um padre da pastoral carcerária, um psicólogo, uma assistente social, um juiz, um promotor, uma desembargadora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário