Apac já é
realidade em Santa Catarina
Foi aprovado em dezembro na
Assembleia Legislativa, o projeto de Lei Nº 155.8/2014, que cria a Associação
de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC) em SC.
Grande conquista com o apoio
incansável da Pastoral Carcerária de Florianópolis.
Confira o teor da lei aprovada:
A seguir, artigo explicativo sobre
o funcionamento da Apac:
Apac:
o fim da reincidência entre presos
Leila
Pivatto *
Existe no Brasil um modelo prisional que
recupera o preso e que tem um índice ínfimo de reincidência. É o sistema Apac,
sigla da Associação de Proteção e Apoio ao Condenado, e que funciona exemplarmente
em vários estados, como Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
A Apac se baseia nos conceitos de
autodisciplina, objetivando a recuperação e reinserção social através da valorização humana. A direção da
unidade prisional fica a cargo de um voluntário, escolhido pelo Conselho da
Apac, que também contrata funcionários para serviços administrativos. O poder
público cede o espaço físico, que pode ser junto às penitenciárias ou em outro
local, e arca com as despesas gerais, como luz e alimentação.
Embora não existam agentes prisionais, a
disciplina, fiscalizada pelos próprios presos, é rigorosa, com atividades entre
7h e 21h: todos trabalham e estudam, além de realizar a limpeza e preparar a comida.
Quem não se adequar, volta para a penitenciária convencional. Para ingressar na
Apac, o preso já condenado deve ter interesse em participar e receber
autorização judicial.
Em Minas Gerais, o modelo funciona há 15
anos, numa parceria entre o Tribunal de Justiça, o Ministério Público e o
governo do Estado. Existem 33 Apacs em funcionamento, com 2 mil presos. Em cada
uma delas há cerca de 150 detentos.
Os benefícios são muitos: enquanto a
reincidência média no país é de quase 80%, no sistema Apac, não ultrapassa os
10%. O custo de uma unidade Apac é 65% menor que uma convencional. O motivo? Não
é necessário construir grandes penitenciárias com enormes muros e sistemas de
monitoramento, além de dispensar agentes penitenciários. No atual sistema, cada
preso custa ao Estado em torno de quatro salários mínimos por mês. Na Apac,
custa um e meio.
Não é utopia! Não é sonho! Tudo isso acontece
no Brasil e pode ser implantado brevemente em Santa Catarina se as autoridades
do Estado assim o quiserem.
* Diretora da Apac/SC