Justiça sobe o morro
para pregar a
conciliação entre vítimas e algozes
A Justiça subiu o morro. O Tribunal de Justiça e Instituto Padre Vilson
Groh, entre outras instituições parceiras, abriram em 11 de novembro, na
Capital, o seminário internacional "Justiça Restaurativa em Debate:
Fundamentos e Experiências".
O evento aconteceu, de forma inédita, em ambiente localizado nos altos
da rua General Vieira da Rosa, no antigo Morro da Caixa, rebatizado de Mont
Serrat.
O juiz-corregedor Alexandre Takaschima, um dos organizadores, explica
que o objetivo de realizar o evento longe de seus tradicionais domínios é
tentar "horizontalizar" as relações entre comunidades que convivem
diretamente com os efeitos da criminalidade e os integrantes das instituições
governamentais com atuação e responsabilidade na área.
Plateia
acompanhou atenta palestra inaugural (Foto:
Assessoria do TJ/SC)
Diferente dos morros cariocas, contudo, onde estrangeiros circulam como
turistas no jardim zoológico, especialistas americanos e canadenses vão estar
na comunidade do Maciço do Morro da Cruz nos próximos dias para discutir o
futuro da Justiça Restaurativa.
A iniciativa prega a possibilidade de se aplicarem soluções
extrajudiciais para conflitos na área penal, de modo a fugir do modelo ortodoxo
baseado apenas na punição.
A ideia é promover a restauração da situação que envolveu um ato
criminoso sob o ângulo não só da vítima como também do autor do delito, e da
sociedade em que ambos estão inseridos.
A estratégia da organização do seminário é unir teoria a prática, com o
primeiro dia dedicado à formação teórica e, nos demais, oficinas e outras
atividades que mostrarão, na prática, com funciona a Justiça Restaurativa.
O padre Vilson Groh destaca que a Justiça Restaurativa cria alternativas
ao processo de encarceramento. "A Justiça do Brasil é muito
punitiva", opina. Ele acrescenta que é preciso recuperar os danos no
contexto em que o delito ocorre, de maneira que seja possível atender a todos
que sofreram com ele no seio da comunidade.
A professora Mery Terra, presidente da Associação dos Moradores do Alto
Caieira, exaltou o momento de lucidez em que as instituições públicas dão a
largada para estar presentes nas comunidades e nos morros.
Lembrou que fazer a abertura de um evento internacional no centro de uma
comunidade com poucos recursos é inédito e ajuda a resgatar a dignidade das
pessoas que ali moram.
No total, foram selecionados 50 representantes de sete comunidades da
Grande Florianópolis para participar dos debates e contar suas experiências.
Durante a abertura dos trabalhos, crianças e adolescentes do Mont Serrat
fizeram apresentações musicais embalados por uma banda local.
Banda de jovens locais abrilhantou evento (Foto: Assessoria do TJ/SC)
(Fonte: site do TJ/SC)