quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Justiça sobe o morro para pregar a
conciliação entre vítimas e algozes

A Justiça subiu o morro. O Tribunal de Justiça e Instituto Padre Vilson Groh, entre outras instituições parceiras, abriram em 11 de novembro, na Capital, o seminário internacional "Justiça Restaurativa em Debate: Fundamentos e Experiências".
O evento aconteceu, de forma inédita, em ambiente localizado nos altos da rua General Vieira da Rosa, no antigo Morro da Caixa, rebatizado de Mont Serrat.

O juiz-corregedor Alexandre Takaschima, um dos organizadores, explica que o objetivo de realizar o evento longe de seus tradicionais domínios é tentar "horizontalizar" as relações entre comunidades que convivem diretamente com os efeitos da criminalidade e os integrantes das instituições governamentais com atuação e responsabilidade na área.

Plateia acompanhou atenta palestra inaugural (Foto: Assessoria do TJ/SC)

Diferente dos morros cariocas, contudo, onde estrangeiros circulam como turistas no jardim zoológico, especialistas americanos e canadenses vão estar na comunidade do Maciço do Morro da Cruz nos próximos dias para discutir o futuro da Justiça Restaurativa.
A iniciativa prega a possibilidade de se aplicarem soluções extrajudiciais para conflitos na área penal, de modo a fugir do modelo ortodoxo baseado apenas na punição.

A ideia é promover a restauração da situação que envolveu um ato criminoso sob o ângulo não só da vítima como também do autor do delito, e da sociedade em que ambos estão inseridos.
A estratégia da organização do seminário é unir teoria a prática, com o primeiro dia dedicado à formação teórica e, nos demais, oficinas e outras atividades que mostrarão, na prática, com funciona a Justiça Restaurativa.

O padre Vilson Groh destaca que a Justiça Restaurativa cria alternativas ao processo de encarceramento. "A Justiça do Brasil é muito punitiva", opina. Ele acrescenta que é preciso recuperar os danos no contexto em que o delito ocorre, de maneira que seja possível atender a todos que sofreram com ele no seio da comunidade.
A professora Mery Terra, presidente da Associação dos Moradores do Alto Caieira, exaltou o momento de lucidez em que as instituições públicas dão a largada para estar presentes nas comunidades e nos morros.
Lembrou que fazer a abertura de um evento internacional no centro de uma comunidade com poucos recursos é inédito e ajuda a resgatar a dignidade das pessoas que ali moram. 

No total, foram selecionados 50 representantes de sete comunidades da Grande Florianópolis para participar dos debates e contar suas experiências. Durante a abertura dos trabalhos, crianças e adolescentes do Mont Serrat fizeram apresentações musicais embalados por uma banda local. 

Banda de jovens locais abrilhantou evento (Foto: Assessoria do TJ/SC)

(Fonte: site do TJ/SC)

Nenhum comentário:

Postar um comentário